segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Orgulho e Amor Próprio

Hoje fiz algo de que não devia orgulhar-me... mas, no fundo, sinto-me feliz comigo mesma. Vou explicar do princípio para que se entenda...
Desde há algum tempo que havia metido na cabeça que tinha que romper com o ciclo vicioso em que se tornou a minha vida aqui... um casamento que não existe para além do papel, um trabalho onde o ambiente é mesmo de se cortar à faca...
Nos finais de julho, uma das directoras do colégio chamou-me a mim e outra colega para perguntar se podia contar connosco para a colónia de férias que ia haver em agosto. Como eu precisava de dinheiro e só iria trabalhar 15 dias, concordei... também por esta altura, entrou no colégio uma "miúda" que nos foi apresentada e que iria ficar responsável pelo internato. Não nos foi dito que ela faria a colónia de férias. No dia em que era previsto eu começar a fazer a colónia, apresentei-me no colégio. Fui logo ouvindo coisas menos agradáveis sobre a tal "miúda" que lá estava a trabalhar. A tal que tinha-nos sido apresentada. Chamava-se XXX (o nome não interessa), estudante de psicologia e gostava de ser tratada por Drª. No primeiro dia não tivemos nenhum "choque", apesar de eu não ter ido com a cara dela. O meu sexto sentido não se costuma enganar. E eu, decididamente, não tinha gostado do ar da "menina". No terceiro dia estalou o verniz. Ela chamou-me ao escritório e disse-me que, como a carrinha grande não podia transportar os meninos à praia por estar com a chave partida na "coisinha (palavras de uma "menina" que se diz doutora, conduz; mas que não sabe que a "coisinha" onde ficou a chave partida, chama-se ignição), eu não teria lugar para ir à praia com os meninos, visto que eles seriam transportados na carrinha menor e os outros iriam no seu carro. Posta a questão, virou-se para mim, com um ar autoritário, e disse:
- Mas como a Adriana fica cá sem fazer nada, tem as casas de banho para limpar e os quartos para arrumar.
Fiquei estupefacta... parva... pensei não ter ouvido bem...
- Desculpa??!?!?! Penso que não ouvi bem... - respondi... Isto nunca fez parte das minhas funções cá dentro e não é hoje que vai fazer...
- Mas é uma coisa pontual,- disse-me ela- é só hoje.
Voltei a repetir o que lhe tinha dito e virei-lhe costas. Não que me fossem cair os parentes na lama por fazer isto. Mas a arrogância desta "menina" não tem limites...
Fiquei-lhe com um pó que nem a posso ver... claro está que não fiz o que ela queria, já que não podia ir à praia, ia aproveitar o dia para fazer o que bem me apetecesse. A Francisca (outra colega do colégio) ia ao Santa Maria com uma das alunas internas para levá-la a uma consulta (tarefa que seria da responsabilidade da "menina") e eu resolvi ir com ela. Estava mesmo a apetecer-me contrariar a "menina".
Depois desse dia, falei com a directora e, por outros motivos que não são relevantes, fui dispensada de ir ao colégio a partir do dia seguinte.
Depois das férias, voltei ao colégio e, para meu desapontamento, a "menina" continuava lá. Está com um contracto de estágio profissional e vai ficar lá por um tempo. Claro que não lhe falo, só o essencial, por causa da minha boa educação. De resto, ignoro-a completamente.
Hoje, porém...
estava eu bem sentadinha no café onde costumo ir na minha hora de almoço, e qual não foi o meu espanto quando vejo alguém chegar, pegar uma cadeira e sentar-se em frente a mim... levantei os olhos e vi o Mário (professor do colégio) e a "menina"... por um segundo pensei que não estivesse a ver bem. Deu-me um nervoso miudinho e mudei de expressão. Assim, sem mais nem menos, sem um boa-tarde, sem um "com licença"... sem me pedir permissão, aquela alminha, senta-se à minha mesa, como se me conhecesse de algum lado, como se fosse bem vinda...
A minha educação não me permitia que eu fosse mal-educada... fiz algo que vai contra os meus princípios...
- Peço desculpas, mas eu estava de saída.
Levantei-me, peguei nas minhas coisas e fui embora. Claro está que não deveria ser eu a ir embora. Mas não consigo estar com pessoas de quem não gosto. Claro que falta chá a determinadas pessoas. Claro que educação não é para toda a gente... claro que há quem não tenha dois dedinhos de testa e não saiba entender quando se é personna non gratta... e, para o meu próprio bem estar, levantei-me e fui embora...claro está que a aprendiz de Hittler ficou com um ar parvo sem entender muito bem o que se tinha passado... mas senti-me tão bem!!!
Senti-me feliz com a minha coragem, por saber que "os tenho no sítio"... por não ter que fazer frete e aguentar a presença de alguém a quem detesto, só para não ser mal entendida... Senti-me orgulhosa de mim e da minha atitude... só espero que ela, finalmente entenda que não a quero por perto... que não quero falsas amizades, e que não preciso de lobos em pele de cordeiro.

1 comentário:

. disse...

Certissima..tem coisas e pessoas que é melhor longe mesmo
Beijos