segunda-feira, 26 de abril de 2010



Por vezes sinto vontade de escrever tudo o que me vai na alma. Mas as palavras tornam-se vazias. Nem eu mesma consigo entender-me. A minha vida está de ponta cabeça. Quando eu me decidi vir embora, deixar tudo para trás, estava certa de que era mesmo isso que eu queria. Estava cansada de um casamento de 15 anos, desgastado; de um homem a quem amei mais que tudo, mas que decepcionou-me imenso. O seu feitio tornou-se insuportável e o seu ciúme doentio me enlouquecia. A responsabilidade de ter que cuidar da educação da minha filha praticamente sózinha, o stresse do trabalho, o corre-corre do dia-a-dia; tudo me cansava. Eu pensei que fosse explodir.
Após muito sofrimento, muitas lágrimas e uma quase-anorexia; eu deixei Lisboa. O meu coração completamente dilacerado, a minha alma fora do meu corpo. Naquela manhã fria e nublada de 27 de novembro eu saí de casa na R. João Saraiva pela última vez. A Isabel foi-me apanhar em casa e levar-me ao aeroporto. Nunca fomos muito próximas uma da outra, mas ela esteve sempre do meu lado nos momentos difíceis. Quando me via triste e quase louca perguntava se eu precisava desabafar. Quando eu fiquei grávida e sem certezas do que fazer na minha vida, ela disse-me para eu seguir em frente, deu-me coragem e força. Quando eu estava a dar à luz, ela estava ao meu lado, a segurar a minha mão. A ver-me trazer ao mundo a minha filha que tanto amo. Mesmo sem muitas conversas tolas, eu sei que tenho uma amiga. Fiel, que me ajudou sempre e dentro da medida do possível. A distância que havia e haverá, tem também um quê de proximidade. De admiração, respeito, quase veneração da minha parte. Ela é o exemplo de mulher que eu gostaria de ser. Quando nos despedimos, eu abracei-a e agradeci por tudo o que ela me havia feito. Tentei ser forte e não chorar, tal e qual ela o fez. Conveci-me de que o adeus era apenas um até já. E virei costas.
Apenas quando o avião levantou vôo e eu consegui ver a vista do Parque do Alvalade, Av. do Brasil, e das ruas que eu tão bem conhecia e amava, eu permiti-me chorar. Ao passar por Almada e virar às costas ao Cristo, a minha aparente serenidade desapareceu. As lágrimas desciam copiosamente no meu rosto. Estava a deixar as pessoas que eu tanto amava. O país que tanto amava. Amigos, amigas, os “meus meninos”, o meu trabalho, o mundinho da minha filha. Tudo o que ela conhecia de sua vida. chorei durante todo o percurso até Madrid, chorei durante toda a viagem até ao Brasil. Cheguei a São Paulo exausta. Exaurida. Vazia. A chuva que caía molhava-me, mas eu não sentia. Estava anestesiada. A minha filha olhava para mim e segurava na minha mão. Tentava acalmar-me. Quando cheguei a Natal, estava um calor de rachar. Às 2hs da manhã e uma temperatura inacreditável de 24ºC. Os meus irmãos e irmãs, o meu pai e a sua mulher e a minha prima esperavam por mim. Desta vez eu não me esforcei por sorrir, eu não me esforcei por demonstrar algo que eu não estava a sentir. Eu não estava feliz. O que eles viam era apenas o espectro de alguém que eles conheciam.
Nos dias que se seguiram a minha aparência e disposição não mudaram muito. A tristeza dominava-me, a saudade de Lisboa, de tudo o que eu havia deixado não me dava trégua. Nem em sonhos eu tinha paz. Quando sonhava, via as pessoas a quem estava mais ligada, os meus meninos, o meu local de trabalho, a Cidália, a Fran, o Paulo,a Sila,o Mário, o Vi, a Rosanna e a sua família, a Isabel, tudo e todos… deixei de ouvir as músicas que tanto adorava ouvir, guardei o meu mp3, mudei o som do telemóvel, não consigo ver as fotografias dos meninos,de Lisboa, de nada que me faça recordar. Mas não mudei os sentimentos dentro de mim. Não mudei a minha essência.
Tive esperança de que, com o passar dos dias eu conseguisse sair da minha apatia, conseguisse superar a dor da perda. Infelizmente foi ilusão. A cada dia que acordo, a cada novo pôr de sol, lembro de Lisboa. Faço, mentalmente, o percurso da minha rotina diária sem querer. A minha alma ficou presa a Lisboa. A vagar algures pelas suas ruas.
Vou às praias, distraio-me, passeio. Tenho sempre a casa cheia de gente. Mas continuo vazia. Não saí para procurar os meus amigos e amigas. E os que encontro é por acaso do destino. Trocámos os números de telemóveis, eu prometo que vou ligar, mas não ligo. Nada me alegra. Nada me faz ter vontade de viver. Recebo telefonemas da Fernanda e do Vilmar. Ligo para a Manuela, a Cidália, a Fernanda. Tenho falado com a Rosanna pelo skype. Mails vêm e vão diáriamente para alguns dos meus amigos, actualizo o orkut… mas o vazio continua. Parte de mim quer liberdade. Outra parte continua algemada. Resta-me a esperança da visita de alguns amigos que me prometeram passar cá umas férias. Resta-me a esperança ténue de um passeio à Lisboa. Não sei para quando. Nem mesmo sei se isso seria boa idéia. Ir para voltar. Sofrer duas vezes.
Quando eu estiver forte o suficiente, quem sabe?
Por agora, fica o desabafo. Fica a saudade de tudo quanto amo. Dos cravos vermelhos do 25 de Abril, das manhã cinzentas e frias do inverno, das árvores despidas do outono, das sardinheiras à janela, do fado, do pôr do sol no Rio Tejo, dos pastéis de Belém. Do sabor do café às 13hs no Sr. Vieira, das pastilhas de canela a seguir ao café. Fica a saudade da chuva a cair e do meu bloco de notas cheio de rascunhos. Das palavras que me saíam tão lestas da mente para a mão. Fica a saudade da Florzinha (como tão carinhosamente eu chamava a Florentina), da Cidália, do Paulo e do seu humor negro, das tardes intermináveis do recreio do Claparède. Fica a saudade da minha cunhada e dos seus filhotes que adoro... da Joaninha e da Isabel (Malheiro). Fica a saudade de mim. De quem fui e não mais serei.




Fecho os olhos e lembro-me de vê-las no chão.
Pelas ruas de Lisboa
Elas douravam o meu caminho
Salpicavam de tons castanhos, verdes, amarelos e dourado
Eu olhava para as árvores
E quando o vento as abanava
Esperava que caíssem em minhas mãos.
E o vento a brincar comigo,
Levava-as para longe
Eu seguia-as com os olhos
E a nostalgia ia junto
Levada pelos sonhos,
Eu viajava com elas.
E dourava as ruas
Com minhas doces quimeras…
Era outono.
E eu morri.
Parti para esquecer-te,
Mas, acredita…
Nem mesmo distante, esqueci-te.

drica moura

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Viciada...


pois é... toda a gente que leu os livros da Stephenie Meyer ficou viciada. Toda a gente que viu o primeiro filme, também...
De início eu pensei que fosse bobagem. Li um livro dela (A Hospedeira) que me foi oferecido pela minha amiga Lucília, aquando da minha vinda para o Brasil. Simplesmente amei o livro. Devorei cada página. Mas com a saga dos vampiros foi mais complicado... eu não gosto muito de histórias com vampiros, lobisomens e afins... envolvem sempre muita violência gratuita, cenas com sangue, etc. E; devo confessar, sou um bocado impressionável.
Mas, numa das noites em que nada tínhamos para fazer, a minha prima trouxe-me o primeiro filme para ver. Agradeci-lhe e guardei-o ao pé dos outros filmes... não estava para aí virada... não queria ver um filme de "terror" (pensava eu) antes de dormir... eu tive uma experiência horrorosa na adolescência. Como não tinha coragem de ver o filme, resolvi ler O Exorcista... passei quase um mês a dormir com as luzes acesas... a minha imaginação é muito fértil e não preciso de ver um filme para imaginar as cenas... lolol...
Passaram-se uns dias, até que eu resolvi ver o tal filme...
Encantador... de uma "inocência" cativante...deveras muito bem escrito. O amor entre o Edward e a Bella é realmente surreal... Um Romeu e Julieta dos tempos modernos... vi e revi o filme... ansiei para ver o segundo... e, como não consegui encontrar o terceiro, baixei os livros da net...
agora estou para aqui absorta em uma leitura apaixonante a cada parágrafo... e sem medo... lololol...
para quem não leu, recomendo... para quem o leu... vamos aguardar os próximos... por agora vou tentar vencer o sono e acabar ao menos de ler mais uns dois capítulos... bye