terça-feira, 25 de agosto de 2009

Medo…

... foi o que senti ao chegar à metade de um artigo que estou a ler sobre psicopatia. Quando falamos em psicopatas, o que nos vem à cabeça é a imagem de um predador, de um violador, assassino em série ou outro tipo de criminoso. Longe de nós, imaginarmos que podemos conhecer alguém que seja um psicopata. Mas, é bem provável que; senão todos, mas alguns de nós já tenhamos conhecido alguém com esta patologia. Sim; porque o psicopata não tem que ser, propriamente um assassino, um violador. A Psicopatia e, também conhecida como Sociopatia.

Importa desmistificar esta ideia, porque podemos estar a lidar diariamente com um psicopata, sem termos a noção de que aquela pessoa está realmente doente e que afinal, todas as intrigas, confusões, desacatos, mentiras e mau-estar causados pelo mesmo, não são apenas fruto de "mau feitio". Há pessoas que só se apercebem que têm lidado de perto com um psicopata, momentos antes de uma fatalidade lhes acontecer, nomeadamente o seu homicídio. Esta doença afecta mais os homens, mas também encontram-se casos de mulheres sociopatas.

Antônio de Pádua Serafim (Coordenador do Programa Forense do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP) diz: "Há o psicopata parasitário, que só se aproveita das pessoas mais vulneráveis para conseguir aquilo que quer. Esse não adoptará, necessáriamente, uma conduta criminosa, mas provocará estrago no ambiente social."

Os principais sintomas de um psicopata são:

"- Ausência de Culpa: Nunca sente arrependimento, nem remorsos. Os outros é que são os culpados de tudo o que acontece de mal e vive com a certeza absoluta que nunca erra, nem errou. Não teme a punição por ter a certeza que tudo o que faz tem um propósito benéfico, (para ele, claro!), embora tenha a noção de que os seus actos são anti-sociais.
Quando é denunciado, recusa a reabilitação ou qualquer tratamento e na impossibilidade de fugir, simula uma mudança de carácter, para mais tarde voltar aos padrões comportamentais que lhe são característicos e até, vingar-se de quem o tentou ajudar!

Mestres da Mentira: Para eles a realidade e a ilusão fundem-se num só conceito pelo qual regem o seu mundo. São capazes de contar uma mentira como se estivessem a descrever detalhadamente uma situação real. Não mentem apenas para fugirem de uma situação constrangedora, mas pura e simplesmente porque não sabem viver sem mentir.

Manipulação e Egoísmo: Não tem a noção de bem comum. Desde que ele esteja bem, o resto do mundo não lhe interessa. O psicopata é um indivíduo extremamente manipulador que usa o seu encanto para atingir os seus objectivos, nunca pensando nas emoções alheias. Não reconhece a dor que provoca nos outros e por isso, usa as pessoas como peões, objectos que pode pôr e dispor conforme lhe convêm. Manifesta facilidade em lidar com as palavras e convencer as pessoas mais vulneráveis a entrarem no "jogo" dele.
Querem controlar todos os relacionamentos, impedindo que familiares e amigos confraternizem paralelamente, sem a sua presença. Para tal recorrem as esquemas, intrigas e claro, ao seu charme para se fingir amigo.

Inteligência: O QI costuma ser acima da média. Há casos de psicopatas que conseguem passar por médicos, advogados, professores, etc, sem nunca terem frequentado uma universidade! São peritos no disfarce, excelentes auto-didactas e fazem-no na perfeição.

Ausência de Afecto: Não são pessoas afectuosas com o próximo e enquanto pais, não são do género de "dar colo" aos filhos. Usam os filhos como "marionetas", em função dos seus próprios interesses, não respeitando as suas escolhas, quer a nível pessoal, quer profissional! Baseia os seus "métodos educativos" na humilhação e chega a ser totalmente negligente para com os seus.

Impulsivo: Devido ao défice do superego, não consegue conter os seus impulsos, podendo cometer toda a espécie de crimes, friamente e sem noção de culpa. Costuma fintar até o teste do polígrafo, porque o seu ritmo cardíaco não se altera quando profere mentiras e nem quando comete crimes.

Isolamento: Gostam de viver sós e quando vivem com outros, querem liderar o grupo, mesmo que para isso destrua uma família inteira."

A simpatia e o carisma de um psicopata fazem com que ele seja a imagem da pessoa ideal, o amigo que sempre quisemos ter, o namorado perfeito. Ele estuda cada traço da nossa personalidade e descobre o nosso calcanhar de aquiles. Ele pode passar a vida inteira sem dar nas vistas. Apenas fazendo aquilo que sabe de melhor; manipular as outras pessoas, aproveitar-se do próximo, desestabilizar famílias, enganar alguém para seu benefício próprio.

"Ele suga tudo o que a relação pode oferecer, de dinheiro e bens materiais, à submissão quase escravista". Diz o psiquiatra Geraldo José Ballone.

Mesmo num relacionamento amoroso, ele procura apenas benefícios próprios. Tenta extrair tudo o que é "aproveitável" da outra pessoa; status, exibir o/a parceiro/a como um troféu para os amigos.

Também no nosso trabalho podemos estar à mercê de um psicopata e não nos darmos conta disto. Um mercado de trabalho cada mais agressivo e competitivo é o cenário ideal para um sociopata construir o seu palco de teatro. Habilidoso com as palavras, com charme irresitível, convincente nas suas mentiras, ele/a ganha pontos na sua comparação com outros candidatos. No seu livro "Snakes in Suites" (Cobras de Terno"), Paul Babiak diz: "Egocentrismo e insensibilidade tornaram-se repentinamente defeitos toleráveis na hora de buscar talentos nescessários para sobreviver num mundo de negócios acelerados." Perguntamo-nos como pode um psicopata passar despercebido por quem o entrevista. Simples. Um psicopata mente de maneira fria, calculista. Eles/as são convincentes, encantadores e conseguem transformar um punhado de conhecimentos superficiais numa tese de doutorado.

Aqui ficam algumas dicas para sabermos se estamos perante um colega psicopata.

Eles/ as não tem espírito de equipa. Não pensa duas vezes se tiver que puxar o tapete de alguém para promover-se. Assédio moral e sexual também fazem parte das suas artimanhas para conseguir o que quer. Ele/a descobre quem são as pessoas importantes e influentes na empresa, tenta ficar íntimo delas para influenciá-las em decisões que o/a beneficiem. Faz fofocas, joga informações falsas ao ar. Assume o crédito por trabalhos que não são dele/a.

O psiquiatra Robert Hare criou uma escla que mede o grau de psicopatia de um indvíduo. Para medir o nível da patologia, os psiquiatras dão valores de 0 a 2 a cada um dos 12 tópicos da escala, a partir da avaliação clínica e do histórico pessoal do paciente. Podes fazer este teste às pessoas mais próximas, mas não te assustes… lololol… segue-se o teste:

1 – BOA LÁBIA : Como um actor em cena, conquista a vítima bajulando e contando histórias mirabolantes de si próprio. Com meia dúzia de palavras difíceis, faz-se passar por sociólogo, médico, filósofo,escritor, artista ou advogado.

2 – EGO INFLADO – Ele acha-se a pessoa mais importante do mundo. Seguro de si, cheio de opinião, dominador. Adora ter poder sobre as pessoas e acredita que nenhum palpite vale tanto quanto as suas ideias.

3 – MENTIROSO COMPULSIVO: Mente tanto que às vezes não se da conta de que está a mentir. Tem até orgulho de sua capacidade de enganar. Para ele/a, o mundo é feito de caças e predadores e, não faz sentido se não se aproveitar da boa – fé dos mais fracos.

4 – SEDE POR ADRENALINA : Não tolera a monotonia e, dificilmente fica encostado num trabalho repetitivo ou num casamento. Precisa viver no fio da navalha, quebrando regras. Alguns aventuram-se em racings, outros nas drogas e uma minoria, no crime.

5 – REACÇÃO ESTOURADA – Reage desproporcionalmente a insulto, frustração e ameaça. Mas o estouro vai tão rápido quanto vem e, logo volta a agir como se nada tivesse acontecido – é tão sem emoções que nem sequer rancor ele consegue guardar.

6 – IMPULSIVIDADE – Embora racional, não perde tempo pesando prós e contras antes de agir. Se estiver com vontade de algo, vai lá e consegue tirando os obstáculos do caminho. Se passar a vontade, larga tudo. Seu plano é o dia de hoje.

7 – COMPORTAMENTO ANTI-SOCIAL – Regras sociais não fazem sentido para quem é movido somente pelo prazer, indiferente ao próximo. Os que viram criminosos em geral não têm preferências: gostam de experimentar todo o tipo de crime.

8 – FALTA DE CULPA – Por onde passa, deixa bolsos vazios e corações partidos. Mas por que senstir-se mal se a dor é do outro, e não dele/a? Para o psicopata, a culpa é apenas um mecanismo para controlar as pessoas.

9 – SENTIMENTOS SUPERFICIAIS – Emoção só existe em palavras. Se amorar, será pelo tesão e pelo poder sobre o outro, não por amor. Se perder um amigo, não ficará triste, as frustrado por ter uma fonte de favores a menos.

10 – FALTA DE EMPATIA – Não consegue colocar-se no lugar do proximo. Para o psicopata, pessoas não são mais do que objecto para usar para seu próprio prazer. Não ama: se chegar a casar-se e ter filhos, vai ter a família como posse, não como entes queridos.

11 – IRRESPONSABILIDADE - Compromisso não lhe diz nada – tende a ser mau funcionário/a, amante infiel e pai/mãe relapso/a. Porém, como a família e os amigos são fontes de status e bens materiais, para cada mancada já tem uma promessa pronta : "Eu mudei. Isso nunca mais acontecerá novamente."

12 – MÁ CONDUTA NA INFÂNCIA – Seus problemas aparecem cedo. Já começa a roubar, usar dorgas, faltar às aulas e ter experiências sexuais entre os 10 e 12 anos. Para sua maldade, não poupa coleguinhas, irmãos nem animais.

Agora que já fez o teste e atribuiu entre 0 e 2 pontos a cada questão, compare os resultados.

0 PONTOS : O SANTO

3 PONTOS : POPULAÇÃO EM GERAL

13 PONTOS: MÉDIA DE CRIMINOSOS

18 PONTOS: A PARTIR DAQUI É PSICOPATA

24 PONTOS: O DEMÓNIO

Fonte da Escala de Hare: WITHOUT CONSCIENSE,
The Disturbing World of the Psychopaths Among Us (1993, reissued 1999. Esta é uma versão retórica da Escala de Hare. O diagnóstico somente pode ser feito por profissionais treinados.

1 comentário:

Filipa disse...

Drica,

Antes de mais muito obrigado pelas tuas doces palavras. Estou perfeitamente convencida que serás das poucas pessoas que percebe perfeitamente o que digo, e o que sinto, e o sentimento de impotência que se sente.

Este post não poderia vir em melhor altura ... afinal ambas conhecemos pessoas assim ... e mais não digo.