terça-feira, 11 de agosto de 2009

Já passa da meia noite e cá estou...a tentar escrever o que me vem à cabeça... mas há algo que me perturba desde domingo... algo que não me deixa descansar...
estava eu na minha vidinha tranquila, sem nada de especial a acontecer , quando ouço o toque do meu telemóvel... não reconheci o número mas atendi mesmo assim. Do outro lado falava um amigo meu... daqueles que já não existem... daqueles de quem não nos esquecemos... somos amigos desde há muitos anos... amigos virtuais, mas de uma cumplicidade e uma amizade fraterna, difícil de se encontrar. Era ele quem me "ouvia" nos meus momentos maus, nas minhas horas menos boas... era ele quem dava-me força para continuar a lutar pela minha vida, pela minha liberdade, pela minha existência. Foi ele a primeira pessoa a saber da minha crise matrimonial... foi ele uma das primeiras pessoas a quem contei dos meus medos e ansiedades quando fiquei grávida... fui eu a pessoa com quem ele desabafou o desencadear de factos que o levaram a romper com a sua namorada e companheira, era comigo que ele desabafava sobre um amor impossível por uma patrícia minha... foi comigo que ele dividiu os primeiros encontros com a sua actual namorada e mãe de sua filha... foi comigo que ele dividiu as suas angústias e os seus receios em relação ao início do namoro com ela...
Após um tempo em que ele dizia-se radiante por ter encontrado a mulher da sua vida, deixámos de falar... eu entendi o seu silêncio como um afastamento necessário para a sua vida real... e deixei de lhe mandar mails, escassearam as conversas pelo messenger... deixámos de falar ao telefone. Eu sentia saudades, sentia a sua falta, mas respeitei a sua vontade...
após este tempo de afastamento, não lembro bem como, voltámos a falar... trocámos mails e falamos uma vez no messenger. Dei-lhe o link dos meus minutos a sós... ele leu tudo o que eu havia escrito... mandou-me um sms a dizer que lamentava não me ter conhecido tão bem... ou não ter tido tempo para conhecer-me melhor... trocámos mais sms e no domingo ele ligou-me... tinha a voz alterada e pediu-me desculpas por incomodar-me... achei estranho... não era o amigo que eu conhecia... algo na sua voz fez-me ficar de sobre aviso... ele pediu-me muitas desculpas e disse que eu não achasse estranho, mas ia pedir-me um favor... que eu falasse com a sua namorada, porque ela tinha ido ao seu telemóvel e tinha visto um dos nossos sms e estava pior que estragada porque pensava que nós tínhamos um caso... ele queria que eu explicasse a ela que nós éramos apenas amigos, que não havia nada...
Eu acedi e falei com ela...
Ouvi tudo o que ela tinha para dizer... em partes dei-lhe razão... percebi o seu medo, a sua insegurança... também eu já fui ciumenta, também eu já senti medo de perder... de ser trocada... é comum nas mulheres... e penso que nos homens também...
Mas aprendi, com o tempo, que tudo nesta vida passa. Passa o tempo, vão-se as zangas, o ciúme, a fúria, a paixão... até mesmo o amor, que julgámos eterno, também acaba. Aprendi que não somos donos de ninguém... que não temos o direito de "exigir" como prova de amor, que a pessoa a quem escolhemos e por quem fomos escolhidas dentre tantas outras deixe de ser ela própria, deixe de falar com os seus amigos e amigas, simplesmente para nos atender a um capricho, falta de segurança, ciúmes ou coisa do género. Aprendi que não temos o direito de querer mudar a maneira de ser e de estar de alguém a quem amamos só porque temos a cabeça cheia de minhocas e julgamos ser donos de sua atenção, de seu amor, de sua vida... aprendi que se queremos ter alguém "preso" a nós, devemos dar-lhe liberdade... porque se nos apaixonámos por alguém quando o conhecemos, gostamos dele/a exactamente como ele/a é... com as suas virtudes e defeitos... quando estamos em estado de paixão, damos desconto a tudo... mas depois temos o hábito estúpido de nos querer apropriar da personalidade, dos gostos, dos sentimentos, da atenção dispensada pelo outro/a... temos a mania terrível de achar que se ele/a nos ama, então nós temos que ser o centro das atenções dele/a... temos que ser o ar que ele/a respira...
eu já passei pelos dois lados desta maneira de ser e de estar na vida... já fui ciumenta, insegura, desconfiada... mas também, já senti e sinto na pele o que é ser vítima de um ciúme doentio, obsessivo... sufocante ... também sei o que é sentir-se sufocar pelo ciúme de outrém... ja fui seguida na rua pelo pai da minha filha, já tive que desligar o telemóvel quando chegava à casa, para não haver cenas desagradáveis... já tive que deixar de falar com amigos e amigas de quem gostava para agradar a alguém... já mudei a minha maneira de ser e de estar na vida para tentar não magoar a este alguém... engordei, deixei de pintar-me, de arranjar-me, de sorrir... mas foi tudo em vão...
... E depois de tantas coisas pelas quais passei, conhecendo este amigo como o conheço; sabendo o que ele pensava em relação ao que eu vivi... ao que passei; custa-me crer que se deixe levar por uma crise de ciúmes... tempestade em copo d`água... mas a verdade é que ele; realmente cedeu ao capricho da sua companheira... e deixou de falar comigo... tenho pena de perder uma amizade que me é tão querida... tão estimada... mas pelo bem estar de um amigo, faço tudo... até deixo de lhe falar se assim for o caso... compreendo a situação... e cá estarei no dia em que ele precisar de um ombro... beijo amigo... tu sabes como me encontrar...

2 comentários:

Sarah disse...

Oi, seu blog é muito legal. Sou do Brasil e vim parar aqui pela sugestão de uma amiga que encontrou o seu blog por acaso. Sou do Brasil e há pouco tempo voltei a ter um blog tb.
Parabéns =]
PS: Caso queira visitar o meu é: www.almosttudo.blogspot.com

Filipa disse...

nem sei que dizer ... mas de uma forma geral concordo com tudo o que dizes!!! jamais consegyuiria manter uma relação se de alguma forma a minha liberdade fosse beliscada. Prezo a minha liberdade, mas também possibilito que o meu marido tenha a dele .... só assim é possível ... liberdade com responsabilidade e respeito é sem dúvida uma solução quase perfeita.

Beijinhos