quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Casos de Amor...

Hoje estava a ver uma reportagem sobre duas mulheres brasileiras, homossexuais que; para além de lutarem contra o preconceito pela escolha de viverem juntas sem esconderem das pessoas a sua opção sexual;recorreram a uma clínica de fertilização para realizar um sonho: ter filhos. Chamam-se Munira e Adriana. Os óvulos implantados no útero da Adriana eram da Munira. O sémen veio de um dador desconhecido. Honestamente; não sei muito bem o que sinto em relação à homossexualidade. Respeito a liberdade e os gostos de cada ser, respeito a decisão de cada pessoa quanto às suas orientações sexuais. Desde que não se metam comigo; claro está. No fundo, admiro estas pessoas que dão a cara. Que lutam por seus ideais, contra o preconceito, contra a "diferença". Mas pergunto-me se será saudável para uma criança ( neste caso, duas... os bebés são gémeos), crescer numa família em que não há a figura paterna, mas sim, duas mães. Sei que mais vale isso do que maus tratos, abandono, violência domestica, entre tantas outras coisas. Mas eu, por exemplo, não gostaria de ver um filho meu ser adoptado por um casal de lésbicas ou de gays. Preconceito? Talvez. Mas quando estamos grávidas, mesmo que não desejemos o bebé, a princípio... tudo muda em nossa mente. O mundo todo não é bom o suficiente para os nossos filhos. O Universo não chegaria para presenteá-lo. Foi assim que senti quando a Catarina começou a crescer dentro de mim. Eu achava que nada do que eu viesse a dar-lhe seria o suficiente para ela. Porque queria sempre o melhor de tudo para a minha filha. Mas aprendi que não podemos ter tudo. Que não podemos dar tudo. A estes bebés, por exemplo, está a ser negado um direito tão básico como o de ser registado num cartório. Porque são filhos de duas mães. Porque não têm uma pessoa do sexo masculino a quem possam chamar pai. Foram registados, temporáriamente, apenas com o apelido da mãe biológica. Porque somos preconceituosos, porque não aceitamos a diferença. Porque não se respeita a individualidade de cada ser. Como pessoa, independente de ter nascido homem ou mulher. Elas, as mães, continuam a batalhar para terem os seus filhos registados com os seus apelidos (sobrenomes). Continuam a lutar para serem respeitadas como pessoas, serem vistas como família. Penso que a parte mais importante nisto tudo, elas já têm. O apoio da família mais chegada, mãe, irmãos, irmãs... o resto vem depois. Mesmo sem as conhecer, admiro-as... pela coragem, pela força. Por conseguirem realizar o sonho que há tempos acalentavam. Serem mães. E, como mãe, entendo o verdadeiro significado da palavra AMOR. É o mesmo amor que eu sinto pela minha filha, igual ao que elas sentem pelos filhos. Sem tirar, nem pôr.
Porque amor de mãe é assim... faz-nos sentir grandes... fortes...invencíveis... como se fôssemos leoas sempre prontas a defender os filhotes... mas também nos torna frágeis, escravas de nossas emoções... E é isto que faz girar o Mundo...
Eu compreendo o sofrimento, a luta, a longa batalha travada com unhas e dentes por estas mulheres, como mãe.Admiro-as e sou solidária para com elas. Porque no fundo, eu também tenho o meu lado homossexual. O meu lado masculino é gay.

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