23.38HS...
O sono teima em não aparecer. Os dias passam a correr e o meu coração está apertado. Tenho tentado agir de forma natural, mas é-me difícil. Tento não sofrer, não chorar. Tento não sentir.
Foram 12 anos. A mesma rotina, o mesmo caminho percorrido... o mesmo carinho e dedicação, a mesma entrega de corpo e alma a tantos miúdos que, por ali passaram... os sorrisos, as pequenas vitórias, as minhas grandes conquistas. Sinto que vou deixar um pouco de mim, uma grande parte de mim. Sei que os meus queridos miúdos me vão esquecer... mas levo-os comigo... sorrisos, lágrimas, canções, abraços... um afecto verdadeiro. De ambas as partes. Está quase no fim.
Eu saberia que este dia chegaria. Pensei estar preparada para ele. Mas não estou. Aqui ficará um pouco de minha alma. Com o tempo aprendi a amar no sentido mais amplo da palavra. A amar a diferença, a imperfeição de corpos e de mentes. Aprendi que todo e qualquer ser humano é perfeito. Mesmo que não tenha todas as capacidades que os outros... mesmo que não seja tão inteligente, tão esperto, tão bonito...
Somos todos iguais... nas nossas diferenças. Nas nossas perfeições, imperfeições...
Só queremos, só desejamos uma coisa... ser felizes. E eu sei que contribuí para a felicidade de alguns, e também tive momentos muito felizes junto deles...
Agora sinto-me frágil... pequena. Só. Não mais os voltarei a ver, a ouvir-lhes a voz... a ralhar com as má criações ou a rir das parvoíces. Um dia, eles serão apenas eco do meu passado. E eu estarei esquecida... mas por agora existimos... uns para os outros... e custa-me deixá-los... custa-me partir.
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