Pois é… e dizemos nós que um dia de chuva não é um bom dia… olha o ar feliz da minha filha a sentir a chuva a bater-lhe na carinha… o sorriso escancarado a pensar nas traquinices que gostaria de fazer se eu deixasse… e nada melhor do que muitas pocinhas para saltar, pisar e molhar-se a si própria, à mãe e quem aparecer à frente… imagina se ela tivesse a infância que eu tive… em que um dia de chuva era desculpa para entrar em casa apenas quando parava de chover e a última gotinha de água que caía dos telhados das casas já quase nem tinha forças para descer e molhar o meu rosto… imagina se ela podesse ficar a ver os riachos trazerem águas de outros sítios e fazer barquinhos de papel para vê-los ser levados pela correnteza… imagina se ela pudesse apenas sentar à beira de um rio em cheia e ficasse a ver a beleza da natureza em fúria… ouvindo o som das águas… do coaxar das rãs… do pingos de chuva a baer na terra… imagina… eu vivi essas coisas… e hoje posso contar-lhe a simplicidade de ser feliz com pouco. De ser feliz pelo simples facto de estarmos aqui… de existirmos… e juntas, pisámos as poças… molhámos os pés… sentimos a chuva a bater no nosso rosto … e caminhamos de mãos dadas até chegar em casa e tomarmos banho, mudarmos de roupa… comermos a sopa quentinha (como a minha mãe fazia comigo e com os meus irmãos) … seguimos juntas, felizes por termos uma à outra… e agradeço a Deus a benção de me ter dado esta filha, que é, sem sombra de dúvidas, a menina dos meus olhos…
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