Hoje foi um dia daqueles que se pede para esquecer. Há algumas pessoas novas no colégio, por razões várias... vai haver uma colónia de férias para os meninos e meninas que não podem ir à casa. E, justamente esses meninos e meninas, são os que estão no colégio nestes últimos dias em regime de internato. Para o nosso descontentamento, são os que mais trabalho dão. Compreendemos perfeitamente a situaçção e revolta deles, mas o pior de tudo é que eles descontam em nós toda a fúria e mágoa que sentem por não estarem em casa junto dos seus. O que torna o comportamento deles ainda pior do que já é no dia-a-dia. E o que nos deixa mais aborrecidos é o facto de não termos a colaboração das outras pessoas que estão connosco quando o assunto é educar as crianças, ralhar ou chamar-lhes à razão quando fazem um disparate, dizem uma asneira, ou são mal criados para connosco . Tem que ser sempre as mesmas pessoas a tomarem a frente e chamar-lhes à atenção. O que é muito desgastante e cansativo.
Hoje fomos à Santo Amaro, mais precisamente à Carris para fazer os passes de alguns deles para que possam passear nos transportes públicos durante as férias. Foi uma aventura. Pela manhã, eu e uma colega fomos comprar-lhes os bilhetes para irmos com eles fazer os passes. Tentámos carregar o Sete Colinas no guichê da Estação de Metrode Entre Campos, mas como era para ser utilizado nos autocarros da Carris não se podia carregar. Mandaram-nos para a Estação de Correios onde a funcionária, muito simpática, explicou-nos que também ela não conseguia carregar porque não sabia se Santo Amaro ainda pertencia a Lisboa ou se era outra zona. E na dúvida, mandou-nos para a bilheteira da Carris do Campo Pequeno. Muito cansadas de andar e já um bocado aborrecidas, lá fomos nós carregar os bihetes. Conseguimos carregar os passes, passava já do meio dia. Voltámos para o colégio e mal chegámos já nos queriam entregar os miúdos. Almoçámos e por volta das 14hs, saímos outra vez à rua, desta feita com eles. Fomos apanhar o autocarro ao Areeiro. A minha colega que estava de posse dos passes distribuiu-os pelos mais responsáveis para que fossem eles a validar o bilhete e, desta forma, treinarem a autonomia nos transportes. Quando sentaram todos, perguntámos se todos tinham validado os bilhetes, visto que a multa por não validar um bilhete é de 240,00 euros... ao que todos responderam que sim. Umas paragens mais adiante, entraram dois revisores e pediram os bilhetes para confirmarem que estavam validados. Qual não foi a nossa surpresa, ao ver que um dos miúdos não havia validado o bilhete. O revisor pediu-lhe a identificação ao que ele, muito aflito, ficou sem resposta. Olhava de mim para o revisor e vice-e-versa sem abrir boca. Expliquei ao revisor que eram meninos de ensino especial e ele pareceu não entender à primeira. Veio o outro revisor e também pediu a identificação do menino. Eu e a minha colega, atrapalhadas com a situação, voltámos a repetir a mesma história que eram meninos de ensino especial, que estávamos a fazer o treino das autonomias nos transportes e que ele não havia feito de propósito. Para a nossa sorte, um senhor que estava sentado por trrás de nós, interveio a nosso favor e identificou-se como sendo polícia e mostrou a sua insígnia... afirmando que tínhamos perguntado aos meninos se tinham validado os bilhetes e que o revisor tentasse ter calma pois eram do ensino especial. Para alívio nosso, o revisor entendeu a situação e guardou o bilhete, para validar logo que saísse um senhor que estava a ser multado por andar sem bilhete. Os revisores foram muito simpáticos e validaram o bilhete, vindo depois devolver o bilhete. Claro está, que o menino em questão teve de ouvir um sermão de nós as duas para que não voltasse a cometer o mesmo erro. Foi um valente susto e, se nós não estivéssemos lá o coitado teria ido parar à esquadra.
Na volta para o colégio, sentámo-nos nos bancos de trás do autocarro, e um outro dos nossos miúdos foi agarrar o varão do autocarro para melhor se equilibrar, tendo o azar de tocar na nuca de um senhor que vinha sentado à sua frente. Qual não foi o nosso espanto quando o senhor começou a falar d`alto a dizer que lhe batia porque ele havia - lhe tocado. Realmente, há pessoas que não deviam viver em sociedade. Infelizmente não haveria ilhas desertas que chegassem para tanta gente parva. Até parecia que o miúdo tinha um doença contagiosa e ele podia ficar infectado.
Depois de tantos incidentes, chegámos ao colégio... inteiras, mas cansadas... rezando para que terminasse o dia para podermos ir para casa descansar.
Agora, mesmo deitada, sinto nas pernas a dor da grande caminhada que fizemos... mas estou feliz porque amanhã é o último dia de trabalho...
E viva as férias... lolol